Curso de Restrição de movimento da coluna
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A prática da imobilização vertebral pré-hospitalar através da tradicional prancha (ou maca rígida) longa evoluiu significativamente desde que ganhou apoio pela primeira vez na década de 1960.
A decisão de realizar uma restrição do movimento vertebral é tomada após a consideração cuidadosa do mecanismo de lesão, as comorbidades e fatores de risco únicos, bem como o exame físico do paciente.
Compreender as limitações e possíveis complicações desta intervenção é igualmente
importante na clínica e na tomada de decisões.
Recentemente, a segurança e eficácia de imobilização utilizando a prancha (ou maca rígida) longa tem sido desafiada pelos pesquisadores e tem dado origem a um paradigma, afastando-se das práticas tradicionais de imobilização. A evolução no manejo pré-hospitalar do trauma da coluna vertebral tem gerado a adoção generalizada de protocolos baseados na evidência para a Restrição do Movimento da Coluna vertebral (RMC) e o manejo da Lesão de Medula Vertebral (LMV) aguda que reduz as complicações amplamente reconhecidas associadas à imobilização com coluna vertebral longa (cervo-caudal), ao mesmo tempo, que limita o movimento da coluna vertebral em pacientes com uma coluna lesionada.
Um paciente/vítima com suspeita de lesão medular numa posição neutra deve ser estabilizado manualmente até se avaliar a necessidade de uma restrição contínua do movimento vertebral.
O tratamento inicial de um paciente/vítima com suspeita de traumatismo craniano deve incluir a sua reanimação intensiva para assegurar uma perfusão ininterrupta do tecido neurológico e a restrição do movimento vertebral para prevenir lesões secundárias e um envolvimento neurológico mais intenso.
✔Traumas de coluna cervical representam aproximadamente 3,5% dos casos de traumas que se apresentam nos Departamentos de Emergências ao redor do mundo. Sendo que apenas 2% das lesões de coluna cervical serão clinicamente importantes como fraturas e/ou listeses (um deslizamento de um corpo vertebral no sentido anterior, posterior ou lateral em relação à vértebra de baixo) e irão necessitar de uma avaliação com especialista.
✔O colar cervical e a prancha (ou maca) rígida longa para o atendimento de vítimas com provável trauma raquimedular, têm sido utilizados no mundo há mais de 40 anos. Tal é a forma que o emprego destes se tornaram o estado da arte no atendimento pré-hospitalar. No entanto, nos últimos anos, inúmeros pesquisadores e profissionais de vários países (EUA, Europa, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Etc.), questionam se esses dispositivos realmente imobilizaram a coluna vertebral de forma adequada.
Além de demonstrar que eles podem causar inúmeros prejuízos à saúde do paciente, consequentemente passando a criticar o uso excessivo, robotizado e não racional dos equipamentos.
A prancha (ou maca) rígida
Serviços pré-hospitalares americanos como os dos estados de Massachusetts e Califórnia há mais de 5 anos já não utilizam a prancha rígida de rotina. Sendo o colar cervical empregado de forma consciente em protocolos institucionais. É sabido que a presença do colar e da prancha rígida podem gerar dor, estresse, ansiedade, desconforto, aumento da pressão intracraniana em até 4,5 mmHg, aumento do risco de úlceras de pressão, dificuldade de manejo de via aérea e incremento no risco de broncoaspiração. Além disso, em trauma penetrante foi observado aumento de mortalidade quando a imobilização da coluna vertebral resultou em aumento no
tempo de transporte.
Texto de:
Júlio Rennê B. Santos.
Em base no texto de:
Restrição de Movimento de Coluna (RMC): novo paradigma em atendimento pré-hospitalar no Brasil. Dr. Lucas Certain (R2-ME-HCFMUSP).